HISTÓRIA DE VIDA: inclusão digital
A
imagem acima foi elaborada a partir das lembranças efetivas de meu contato
substancial com as tecnologias. A primeira tecnologia que me recordo fielmente
e no qual obtive contato consensual foi com o primeiro brinquedo (?). Pensando,
mais brinquedo, e é uma tecnologia? Claro que sim! A tecnologia é uma técnica
avançada para o melhoramento e avanço de um instrumento designado para
determinado fim. No caso do brinquedo, fins de entretenimento infantil.
Quando passei a entender o
significado e essência do que estava a minha volta, passei a assistir os meus brinquedos
em desenhos animados, paulatinamente, transmitidos pela mídia televisiva, que
na época, tinha como foco, em suas manhãs, o público infantil (algo inexistente
na atualidade).
Articulado com a mídia televisiva
era a mídia rádio, pois as músicas dos programas e dos apresentadores
estouravam como paradas de sucesso, quem não se lembra dos LPs, os da Xuxa,
Paquitas, Turma do balão mágico? Sucessos, estes jamais esquecidos e que
giravam em torno da WEB 1.0. Novelas como Éramos Seis, Carrossel, fenômenos de
audiência por seus temas e cuidados éticos no repasse e elementos de
atualizações e informações. Essas mídias eram destaques dos anos 80 e início
dos anos 90. Enfatizo que até hoje, ainda prefiro assistir a TV e escutar o
rádio em seu molde normal do que através da internet. Esta última se destacou e
evidenciou suas categorias, elementos, funcionalidades, especificidades na
década de 80, tomando força a partir dos 90 e até o momento, a cada dia que
passa está mais consolidada na sociedade e nas relações sociais, profissionais
e amorosas.
Lembro-me que quando estava no
ensino fundamental, tive contato, pela primeira vez com a tecnologia da máquina
datilográfica, passando a fazer parte do meu quotidiano, todos os meus
trabalhos, começaram a ser visualizados de forma distinta dos que eram
elaborados manualmente. Não obstante, logo a máquina foi substituída pelo
fenômeno – COMPUTADOR – que adentrou em nossos ambientes e caminhos, no meu
caso, através da escola que eu estudava. Iniciei a minha vida tecnológica
compreendendo o PROGRAMA MS-DOS, no qual aprendíamos a manuseá-lo pelos
códigos, a fim de entendermos o seu funcionamento e estrutura. Assim, essa
máquina que estava a nossa frente, proporcionou a elaboração de inúmeros
trabalhos até o final do ensino médio.
A minha real efetivação no mundo
tecnológico foi através das atividades acadêmicas, quando inserida na
universidade no ano de 2000. Neste ano, muitos programas como o Livro Verde,
Proinfo iniciaram suas ofertas para os cidadãos penetrarem no mundo digital. Na
minha sala de aula, quando cursava ainda a graduação, percebi que 90% dos meus
colegas tinham um e-mail e eu não, mas de que adiantava ter essa tal moda, se
não tinha nem um computador em casa, quiçá manusear. Um amigo de sala, certo
dia, chegou para mim e falou: - Tenho uma surpresa! Quer saber o que é? Eu,
claro, curiosa como sou, respondi: - Quero sim, fala logo, do que se trata?
Ele me levou para o laboratório de
informática e me mostrou que havia feito um e-mail para mim, na verdade dois para
que eu pudesse utilizar o MSN e assim conversar com pessoas que jamais tinha
visto e outras que estavam distante e as que estavam tão perto. Vi-me com
medos, anseios, acanhada, pessimista, mas compreendi, de certa forma, o quanto
aquela ação só iria me beneficiar. Foi através dela que me iniciei no trabalho
acadêmico de fato, como pesquisadora, além de também trabalhar no ramo
administrativo na mesma instituição.
Foi assim que tive contato e emergi
no mundo das mídias e TIC, em que uma simples ação de amizade fez-me perceber o
quanto valia a pena investir, sem receios, percalços e danos na sociedade da
informação. Por causa dessa ação, valiosas e significativas foram as
experiências ao longo desses 12 anos insurgidos no contexto da sociedade da
informação. Lugares que só eram vistos por estudos didáticos, puderam ser
visitados pessoalmente, destaque para a região (foto abaixo) paraguaia –
HUMAITÁ, cenário da guerra da tríplice aliança, na qual só sabemos da
existência pelos livros didáticos de história. Além de proporcionar o
enriquecimento teórico-prático, quando participamos de congressos, seminários,
encontros, com o propósito de divulgarmos as pesquisas e trabalhos
desenvolvidos, assim como assistir a outros da área específica de conhecimentos
e interessantes para o nosso quotidiano de estudos.
Logo,
esses instrumentos se tornaram indispensáveis a minha prática pedagógica, pelo
simples fato de auferirem uma conotação nova necessárias para a relação entre
sujeitos para o fortalecimento da formação do cidadão. Ao me tornar professora
universitária, foi possível analisar que esses fenômenos – INTERNET –
COMPUTADOR – CELULAR, não são seres vivos, e sim apenas instrumentos
manipuladores que estão em nosso dia-a-dia profissional, pessoal e até amoroso.
A grosso modo identifico que o meu anseio é pelo vício que os jovens atualmente
obtém utilizando esses recursos e instrumentos, que para alguns não trazem benefícios
nenhum, infelizmente. Então, me pergunto: o que fazer? E, como diz Lévy (1999),
será que o dilúvio informacional jamais cessará? Penso que, de certa forma, as
TIC integram um trabalho com maior adequação ao planejamento, mas porque a
maioria dos professores não conseguem adequá-las a sua prática pedagógica?